Thiago Ribeiro (Divulgação)
Um fóssil de dinossauro de 225 milhões de anos, coletado em 1951 pelo historiador e paleontólogo Romeu Beltrão, em São Martinho da Serra, na época distrito de Santa Maria, pode estar na parte do acervo que se perdeu com o incêndio no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Conforme o paleontólogo Átila da Rosa, professor de Geociências e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ossos do animal do período triássico foram encontrados no museu, em 2010, por um ex-aluno da UFSM.
Os ossos, entre os quais uma vértebra, eram de uma espécie batizada de saurópode morfum, e foram localizados por Beltrão na localidade de Campina, no interior de São Martinho da Serra. Segundo Átila, o material teria sido enviado em 1965 à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que administra o Museu Nacional.
- Era uma rocha de ossos de uma espécie de dinossauros pescoçudos que viveram na região há 225 milhões de anos - diz o paleontólogo.
É possível que haja mais algum material de Santa Maria no Museu Nacional.
UFSM aguarda PPCI e revisa rede elétrica do Museu Gama D'Eça
A UFSM vai acompanhar as investigações do incêndio e o inventário do acervo do Museu Nacional, que tinha 20 milhões de peças. Por enquanto, ainda não é possível saber exatamente quantas peças coletadas em solo santa-mariense estariam entre os objetos atingidos pelo fogo ou que não chegaram a ser danificados.
Em nota assinada pelo reitor Paulo Burmann, a UFSM lamentou o incêndio do maior museu de história natural da América Latina e mais antiga instituição científica do Brasil. "O episódio atinge não apenas a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que administra o Museu, mas a todas as universidades brasileiras", diz um trecho da nota, que manifesta preocupação com outros espaços culturais sem investimento e coloca a UFSM à disposição da UFRJ para ajudar "no que for possível" para recuperar parte do que restou do Museu Nacional.
DEFESA CIVIL INTERDITA PRÉDIO
O incêndio de grandes proporções que atingiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, na zona norte do Rio, na noite de domingo, será investigado pela Polícia Federal (PF). Mais antigo do país e com acervo com mais de 20 milhões de peças, o museu passava por dificuldades financeiras geradas pelo corte em seu orçamento.
Incêndio no Museu Nacional foi controlado por volta das 3h da manhã
O fogo começou por volta das 19h30min. O Corpo de Bombeiros enviou cerca de 80 homens e 21 viaturas no local. As chamas só foram controladas às 3h de segunda-feira.
A Defesa Civil do Rio vai manter interditado o prédio, após vistoria feita ontem e que verificou grande risco de desabamento interno.
PEÇAS RARÍSSIMAS
Já é possível ter uma ideia bastante clara da escala da devastação causada pelo fogo no Museu Nacional da UFRJ. Do vasto acervo que a instituição tinha, as áreas correspondentes a arqueologia, paleontologia, antropologia e invertebrados (no caso dessa última, cerca de 5 milhões de insetos) foram total ou quase totalmente perdidas. O mesmo vale para laboratórios e salas de aula. As coleções de vertebrados e botânica, bem como a biblioteca, já tinham sido transferidas para um prédio novo; por isso, ficaram a salvo.
No local havia pinturas, conhecidas como Afrescos de Pompeia, que foram presenteadas ao museu em meados do século 19 pelo rei das Duas Sicílias. O espaço também guarda cerca de 30 crânios da etnia indígena Botocudos, do interior de Minas Gerais e do Espírito Santo. Há, também a Esquife da Dama Sha-Amun-Em-Su, caixão de uma egípcia presenteado a Dom Pedro 2º.
Uma das peças mais raras é Luzia, o esqueleto humano mais antigo do Brasil, e um dos mais antigos de todo o continente americano, com 12 mil anos de idade. O esqueleto foi encontrado nos anos 1970, numa gruta em Pedro Leopoldo (MG), região Metropolitana de Minas Gerais.
*Com informações da Folhapress e Agência Brasil